Uma análise das eleições 2020

Postado em 25 de novembro de 2020

Marcos Costa: Análise sobre as Eleições 2020.

A Democracia Cristã mais uma vez participou honrosamente das eleições municipais: Campanhas limpas, honestas e sem grandes gastos de dinheiro público levaram, com louvor, a bandeira do 27 mais uma vez para as ruas brasileiras.

Mostramos ser um partido sólido e consolidado, onde seus integrantes são fiéis aos nossos ideais que constroem um mundo melhor.

Diversas candidaturas jovens à prefeituras e à vereanças nos enxeram de orgulho pela coragem, e disposição de fazer valer o 27. Sem medo dos resultados, muitos dos nossos jovens vestiram a camisa da Democracia Cristã e foram para as ruas defender nossas ideias. Essa foi nossa grande vitória!

Marcadas pela pandemia do COVID-19 estas eleições municipais de 20 tiveram um padrão diferente das últimas: Foi uma eleição mais pragmática e menos ideológica, onde pudemos perceber o retorno, em muitos municípios, de administradores já experimentados e avaliados.

Em consonância com as eleições dos EUA, onde o experiente político Democrata Joseph Biden foi eleito Presidente, podemos perceber esse movimento onde os “políticos estão voltando para a política”.

As eleições estadunidenses são sempre um termômetro para as democracias ocidentais, e no caso brasileiro, como as nossas eleições municipais aconteceram muito próximas das presidenciais de lá, pudemos sentir aqui o impacto e o “sinal” de que a política está voltando para os políticos.

Em 16 e 18 tivemos eleições fortemente polarizadas por candidatos que se diziam “antipolíticos”. Muitos foram eleitos sem ter experiência no legislativo ou executivo, diferente das municipais deste ano, que deram a vitória em primeiro turno ou a passagem a segundo turno a experimentados políticos já conhecidos e avaliados em muitas capitais e cidades importantes do país como por exemplo os Prefeitos: Greca em Curitiba, Belinati em Londrina e Maia em Maringá, todos re-eleitos em primeiro turno, quando analisamos os maiores municípios do Paraná, meu estado.

Em 2016, o discurso da “nova política” emplacou em grandes prefeituras do Brasil, como nas capitais de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul (Porto Alegre), com João Doria Jr. (PSDB), Marcelo Crivella (Republicanos) e Nelson Marchezan (PSDB), respectivamente. Em 2020, por exemplo, Marchezan não chegou sequer ao segundo turno.

“Precisamos lembrar que aquelas eleições foram feitas sob a sombra da Operação Lava Jato e do impeachment da ex-presidente Dilma. Em 2016, foram eleições de forte punição ao PT, entre as cem maiores cidades do Brasil o PT elegeu apenas o prefeito de uma cidade, Rio Branco (AC). E isso mudou demais o mapa eleitoral, e 2018 terminou de mudar este quadro com o voto anti-establishment no presidente Jair Bolsonaro (sem partido)”, analisa o coordenador do Observatório das Eleições, o Cientista Político Leonardo Avritzer, que na minha visão, é um dos maiores especialistas sobre o tema no Brasil.

“Parece que o brasileiro, depois de votar duas vezes ideologicamente [em 2016 e 2018] está procurando pessoas capazes de administrar”, afirma Avritzer.

Em Florianópolis, Belo Horizonte e Palmas, os atuais prefeitos (já experimentados e com relativa boa avaliação na gestão da pandemia) também foram reeleitos: Gean Loureiro (DEM), Alexandre Kalil (PSD) e Cinthia Ribeiro (PSDB), respectivamente.

Estas eleições também marcaram a volta de grupos políticos tradicionais ao poder ou, como chamou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de políticos experientes. No Rio de Janeiro, por exemplo, o ex-prefeito Eduardo Paes voltou à cena e passou para o segundo turno com ampla vantagem sobre Crivella. Em Manaus, Amazonino Mendes volta a disputar a prefeitura aos 80 anos e está no segundo turno. Ambos, nomes conhecidos e reconhecidos na política nacional que retornam ao “mainstream” da política brasileira com essa “onda de retorno à normalidade da ordem política” que vivemos em 2020.

Quando analisamos o cenário da esquerda brasileira, temos algumas situações interessantes, como por exemplo Recife, capital de Pernambuco, onde os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) disputam o segundo turno para a prefeitura. Marília é neta do ex-governador Miguel Arraes e João é bisneto de Arraes e filho de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco que morreu durante campanha presidencial em 2014.

O segundo turno com dois candidatos de centro-esquerda no Recife, e o avanço de Manuela D’Ávila (PCdoB), que está no segundo turno pela disputa à Prefeitura de Porto Alegre, e de Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, são exemplos de uma rearticulação da esquerda onde o PT aparenta não ser mais protagonista, apesar da sua ainda muito grande envergadura e capilaridade Brasil adentro (não esqueçamos que o PT é o partido com maior número de Deputados na Câmara Federal e teve expressiva votação legislativa nestas eleições).

Quando avaliamos o desempenho presidencial nestas eleições municipais, temos a clareza de que Jair Bolsonaro (sem partido) foi um péssimo cabo eleitoral. Após gravar polêmicas lives no Palácio da Alvorada fazendo campanha para seus candidatos, Jair publicou em suas redes sociais no sábado (14), véspera das eleições, uma lista de candidatos apoiados por ele, como Celso Russomano (Republicanos) que não foi nem para o segundo turno em São Paulo.

“Bolsonaro não foi um grande eleitor nesta eleição. Esta eleição tem um padrão diferente da eleição de 2018, em que Bolsonaro não precisava de televisão, não precisava de palanque, não precisava de governador. Os votos vinham para ele e para quem ele indicasse, ele elegeu vários senadores e deputados assim. Nada disso se repetiu este ano. Existe uma certa de correção de rumo entre o eleitorado do país, que procura se distanciar do presidente”, avalia Avritzer.

Com baixa influência no resultado eleitoral das capitais, com Biden eleito nos EUA, e vendo os partidos do Centrão, como o DEM, PSD e PP, ganharem postos importantes, o governo de Jair deve ter dias difíceis pela frente após estas eleições de 2020.

Em conclusão percebo que claramente o principal derrotado destas eleições foi o atual Presidente da República, e os maiores vitoriosos foram os partidos do Centrão, em geral, políticos já experientes, avaliados e experimentados, sem deixar de citar também, a “gratidão eleitoral” pelos prefeitos reeleitos que tiveram uma boa gestão da pandemia.

Apesar da Democracia Cristã não ter crescido eleitoralmente em 20 como esperávamos, o indicativo da conjuntura nacional é de um retorno para um voto “mais lúcido” e “menos apaixonado”, que se refletirá em resultados positivos para nosso partido em 22, devido o trabalho que estamos fazendo, sempre nos baseando em nossos valores como a ponderação, o respeito e a competência dentro da gestão pública.

Com carinho e esperança de que dias melhores virão,

Marcos Costa

Presidente da Juventude Democrata Cristã do Brasil.

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